Giorgio Armani vence Premio Parete 2020 Por

Gianluca Bolelli Traduzido por

Helena OSORIO Publicado em

19 de jan de 2021

“Pela sua extraordinária personalidade que marcou inconfundivelmente uma época e que, ainda hoje, faz dele o ícone italiano por excelência no mundo”. Esta é a motivação para o Premio Parete 2020, atribuído a Giorgio Armani na segunda-feira (18 de janeiro) durante uma cerimónia que este ano foi encenada em direto da Universidade de Bocconi, em Milão, por motivo do agravamento da pandemia de COVID-19.

O designer de moda italiano Giorgio Armani foi agraciado com o Premio Parete 2020 - Courtesy of Giorgio Armani

O Premio Parete foi criado para comemorar a figura do financeiro da região dos Abruzos (Itália), Ermando Parete (1923-2016), um sobrevivente do campo de extermínio nazi de Dachau que dedicou a sua vida à preservação da memória do Shoah (ou Holocausto).

O prémio nasceu em 2017 por iniciativa de Donato Parete, filho do financeiro dos Abruzos que foi um sobrevivente da tragédia do Shoah, retratada no filme de terror Holocausto 2000 (1977), e que até à sua morte em 2016, quis recontar o horror que viveu, como um aviso para que não volte a acontecer, encontrando-se assim com jovens em escolas e universidades de toda a península itálica.

Depois de Vittorio Colao e Giovanni Tamburi, premiados respetivamente em 2018 e 2019, novamente em Bocconi, a edição de 2020 foi assim ganha pelo designer de moda natural de Placência que adotou Milão onde se radicou e conquistou o mundo, criando uma identidade única, símbolo da elegância italiana no mundo inteiro.

Giorgio Armani– fundador de um verdadeiro império– preocupa-se em deixar às gerações futuras um mundo mais habitável

“Ermando Parete representa a coragem e memória, qualidades fundamentais, especialmente hoje em dia, quando tendemos a esquecer e muitas vezes olhamos para o outro lado confrontados com problemas e injustiças”, disse Giorgio Armani, numa declaração áudio que se fez sentir no evento. “Mas sabemos muito bem que sem Memória não pode haver futuro e nem sequer inovação. Sem a memória do que foi, nada pode ser construído, porque é preciso fundações ou tudo se desmorona”.

Armani insistiu então no que esta pandemia nos deixou, oferecendo alimento para a reflexão sobre uma sociedade que, na sua opinião, se tornou cada vez mais individualista, pensando mais na quantidade do que na qualidade. Uma reflexão dirigida em particular àqueles que irão experimentar as mudanças em primeira mão nos próximos anos: ou seja, os jovens.

“Vamos tentar questionar-nos sobre o que precisamos de ter, o que realmente queremos ser, para deixar às gerações futuras um mundo mais habitável. É uma tarefa que nos coloca de novo no jogo, que deve ser alimentada pela Memória e pela Ação. Agora que tudo é virtual, temos o dever de cultivar o sentimento: aquele sentimento coletivo que nos une, e que nos torna dignos deste dom único que recebemos, a vida”, observou Armani, fundador de um verdadeiro império que ostenta produtos de moda, cosméticos, perfumes, mobiliário, mas que também opera no ramo da restauração e hotelaria. De notar que, Giorgio Armani é ainda o orgulhoso proprietário da maior e mais importante marca de moda do planeta, ainda inteiramente detida pelo seu fundador.